Guia De Cego

Olha a Viola. Mãe de vista vazia. Quando joga ela embola. Cola a mão na agonia. Se distrai tateando a melodia.. Abre a viola. Não repara onde espia. Se ela encara, apavora. Se ela chora, alumia. Como o demo rezando a ave-maria.. Pode até sangrar. Pode ensandecer. Recusar o céu de esmola.. Pode tropeçar. Quando escurecer. Nas entranhas da viola.. Tange a viola. Com espora e euforia. Encarcera a senhora. Que ela implora alforria. Vara a noite chamando a luz do dia.. Solta a viola. Pé na lua sem guia. Que o luar desarvora. Só loucura irradia. Como o sol ponteando a ventania.. Pode alucinar. Pode incandescer. Desandar tua memória.. Pode imaginar. O que não se vê. Nas entranhas da viola.. Segue a viola. Teu olhar silencia. Mas enxerga onde mora. Tanta melancolia. Como um cego sonhando a estrela-guia.

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